A fotografia em um filme é de suma importância, lembremos que photós significa luz; e grafia significa escrita ou maneira de escrever, o fotógrafo então é a pessoa que escreve com a luz. Bonito isso não ?! Logo, quando um diretor de cinema chama o responsável pela fotografia do filme para ajudá-lo, ele está chamando alguém para escrever a narrativa do filme por meio do registro da luz, mas não de qualquer luz, pois o profissional da fotografia vai utilizar também seus conhecimentos sobre: análise, síntese, composição, enquadramento, dimensão, proporção, volume, perspectiva, profundidade, etc. Elementos essenciais ao registro de uma boa cena. A fotografia em um filme é importantíssima. Nas palavras de Vittorio Storaro, grande mestre da fotografia:
“Luz. Eu acredito que luz é conhecimento. Conhecimento é amor. Amor é liberdade. Liberdade é energia. Energia é tudo. Sem luz, não podemos ter imagens.
Todos os grandes filmes são resoluções de um conflito entre a escuridão e a luz. Não há um único jeito correto de se expressar. Há infinitas possibilidades para usar a luz, com sombras e cores. As decisões que você toma com relação à composição, ao movimento e às inúmeras combinações desses e de outros elementos é o que faz a arte.” – Vittorio Storaro (O Último Imperador, Apocalipse Now, O Último Tango em Paris)
Apocalipse Now, Francis Ford Coppola, 1979.
Temos vários outros exemplos de mestres dessa arte: Emmanuel Lubezki(A Árvore da Vida, Filhos da Esperança, O Regresso), Jeff Cronenweth(O Clube da Luta, Abaixo o Amor, A Rede Social) e Roger Deakins (007 – Operação Skyfall, O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford, Fargo). Entre os brasileiros temos: Breno Silveira (Carlota Joaquina, O Homem do ano, Eu tu eles), Lula Carvalho (Bingo, Auto de resistência, Um filme de cinema), Luis Carlos Saldanha (O gerente, Stelinha, Natal da Portela, Raoni, Os mendigos), Lauro Escorel (Miradas Múltiplas, A fera na selva, De volta ao maracanã) e Kátia Coelho que, podemos dizer, foi uma desbravadora, pois é considerada como a primeira mulher diretora de fotografia no Brasil. Foi premiada em festivais nacionais e internacionais, sendo alguns deles: Kodak Vision Award - Women in Film, por conta do primeiro longa metragem, em que realizou a fotografia: Tônica Dominante no ano de 2000.
No mês de junho de 2020, no curso de curta metragem realizado na FAOP, tivemos dois momentos para estudar o uso da fotografia, evidentemente, não foi o tempo ideal para se compreender na prática, a técnica. Bom mesmo, seria podermos sair às ruas e ir às locações, contudo, devido a necessidade de isolamento por conta da COVID 19, cada participante (alun*) realizou alguns exercícios em casa, exercícios simples, de cópias de fotografias a partir de três fotograf*s: o brasileiro Pedro Heinrich, a estadunidense Jessica Dimmock e a britânica Hannah Starkey. A ideia era emular ou mesmo plagiar a foto desses artistas, suas técnicas e estéticas a partir dos materiais que os participantes tivessem em casa e, claro, desenvolver a criatividade e capacidade de improviso. Os resultados foram lindos, seguem abaixo do lado esquerdo a foto do artista e do outro, a foto emulada pel* participant* do curso.
Participante (aluna) do curso: Ângela Poleto:
Jessica Dimmock.
Pedro Heinrich.
Hannah Starkey.
Participante (aluna) do curso: Denize Mattar.
Jessica Dimmock
Hannah Starkey.
Participante (aluna) do curso: Jozânia Miguel.
Hannah Starkey.
Participante (aluna) do curso: Suelen Vieira:
Hannah Starkey.
Jessica Dimmock.
Participante (aluna) do curso: Julia Arantes.
Hannah Starkey.
Pedro Heinrich.
Participante (aluna) do curso: Luciane Trevisan.
Frame do filme Midsommar.
Participante (aluna) do curso: Janete Jobim.
Pedro Heinrich.
Jessica Dimmock.
Hannah Starkey.
Participante (aluna) do curso: Gilda Nogueira.
Hannah Starkey.
Jessica Dimmock.
Pedro Heinrich.
Participante do curso: Cláudio Zarco.
Pedro Heinrich.
Jessica Dimmock.
Ess*s seriam alguns (as) d*s participantes que até o presente momento (23 de junho), entregaram seus exercícios, outr*s precisam ajustá-los ao comando da atividade, outr*s precisam rever a extensão dos arquivos para assim poder enviar, outr*s me enviaram com vírus fazendo meu notebook quase cair em quarentena permanente...
A ideia também é discutir o conceito de cópia e originalidade, tão caro e essencial as produções ocidentais. Em uma boa parte dos orientes, esse conceito (originalidade) não faz sentido, ele é uma criação ocidental. No livro "A cultura gestual japonesa: manifestações modernas de uma cultura clássica", o antropólogo Michitarõ Tada (1928-2008), nos explica de forma maravilhosa que "Copiar é transformativo (...) A cultura é transformada naturalmente através do ato de copiar (...) A cultura é o que é copiado, transformado e, então, enraizado." (TADA, 2009, p.33,). Tada diz que copiar não é pejorativo e nem autodepreciativo, ao contrário, copiar é um ato de valorização dos "predecessores da cultura" (TADA, 2009, p.33) é um ato de desprendimento para com relação a postura modernista de, se produzir sempre o original. Sobre isso, outro ceramista japonês contemporâneo, Tadashi Kawai (1926-2002) afirma que:
Os ceramistas Dõhachi, Hozen e Shuzei fizeram cerâmica chinesa, pois a China era a predecessora da cultura. O propósito do artista era copiar bem, nada que se assemelhasse à criação. Além disso, mesmo que tal criação ocorresse, era considerada sem valor. Ao contrário, era a cópia que constituía o centro da estética dos ceramistas japoneses. (TSUCHI apud KAWAI, 2009, p33,)
Vaso contemporâneo executado no estilo marajoara é da região do lago Arari,
localizada na ilha de Marajó. O Autor é Guilherme Santana. Fonte: http://www.terrabrasileira.com.br/folclore/ca-npara.html
Artes decorativas etnográficas de cerâmicas contemporâneas e tradicionais, em exibição no Museu de Adachi, no Japão, na cidade de Shimane. Fonte: https://www.hisour.com/pt/adachi-museum-of-art-yasugi-shi-japan-5007/
A cópia, por outro lado, como nos é ensinada nas aulas de Artes Visuais e foi ensinada na antiga grade do curso de Educação Artística (com Habilitação em Artes Plásticas) é uma fase do processo de criação, em termos piagetianos, primeiro copia-se, depois cria-se, é um método de ensino, faz parte do processo de desenvolvimento aprendizagem, contudo, seria somente isso? Podemos relegar a cópia em contraposição a originalidade, esse lugar algo pejorativo e sem função no cenário contemporâneo? Qual a função da cópia para os processos cognitivos a partir das descobertas da neurociência? Qual a função da cópia para além do que a Arte Contemporânea já efetiva nesse campo (podemos citar alguns artistas e pesquisadores que tem o plágio, a colagem, a apropriação como processo de criação: Conjunto Vazio - BH, Peter Greenaway - Reino Unido, Arthur Leandro - PA, etc)? Qual a função não só em termos sensíveis (aquilo que se pode ver e tocar), mas educativos e cognitivos que tal prática impulsiona? Essas questões, querid*s leitor*s, ficarão para que pensemos a respeito.
Ricardo Macêdo
este exercício de "copiar" ficou incrível. as luzes, as sombras, os detalhes que cada um se atentou fez com que cada uma tivesse muita proximidade com a referencia utilizada!
Esta página é um belo convite para navegar entre os textos e as produções! Estou conferindo os curta-metragens... Parabéns para toda turma pelo esforço e dedicação envolvido aqui.
De nada, e se precisar de HTML de novo para o site, me avisa.
Valeu I, logo nos vemos,
Pois dracones adhuc vivere!
Parabéns ! Grande trabalho o do professor Ricardo que, deixou saudades aqui em POA. Vida longa a FAOP. ---------------- Hic Sunt dracones ! Ass: Natália I.